Política

Para professor e ex-deputado por Osasco, Tonca Falseti, PSDB devia ter deixado o governo Temer

DE VOLTA PARA O PASSADO – por Tonca Falseti

Em 1989, junto com mais 10 deputados (Trigo, Lara, Luiz Máximo, Leça, Guiomar, Getúlio, Luiz Francisco, João Bastos, Chubaci) e Montoro, Fernando Henrique, Covas, Geraldo Alckmin, além de uma aguerrida militância, fundamos o PSDB. Porque saímos do PMDB e criamos o PSDB? O nosso guia nesse momento histórico era o Governador Montoro que precisava muito bem os nossos objetivos em 3 pontos basilares. Primeiramente, fortalecimento da Democracia. Baseados em dois pilares de sua estratégia política. A participação que possuía um conteúdo político no tal Parlamentarismo. Outro dado “sine qua non” se tratava de se afastar das vantagens e falcatruas que os governos sucessivamente faziam (“longe das benesses do poder”). Logo em seguida concorremos às eleições e os 11 deputados estaduais fundadores do PSDB foram dizimados nas urnas. O povo ainda não enxergava o alcance de parlamentarismo e o poder dos votos se concentrava em que estava sentado na cadeira do poder distribuindo vantagens. Mesmo assim, conseguimos uma bancada que de novos deputados.

Porque desembarcar no governo Temer? O PSDB o faz de maneira inversa de quando saímos do PMDB. Em nome de dar estabilidade ao país, nada mais fazem do que salvar a própria pele ou a pele de políticos citados na operação Lava-Jato. No primeiro momento quando saímos do PMDB, saímos para perder o mandato e construir um Partido; agora estão entrando no poder para salvar os seus futuros mandatos e uma volta para o passado, levando o PSDB de volta para os braços da corrupção e enterrando o PSDB na cova comum dos políticos brasileiros. Diante do quadro dramático da política brasileira, estava na hora do PSDB buscar saídas políticas para enfrentar essa conjuntura e buscar resgatar a sua própria identidade. O PSDB precisava dar respostas para o seu eleitorado e deixar de se esconder nos meandros da justiça ou do poder central. Deveria pensar em 2018. Mas o tempo joga contra nós. As nossas lideranças gastam energias para se livrar do Ministério Público. Aliás, somos um Partido eleitoreiro. Mais uma vez se esqueceram dos movimentos sociais (mulheres, jovens, negros, sindicatos) como queria o Governador Franco Montoro e Mário Covas. Os governos que os sucederam transformaram esses movimentos sociais em secretarias de Estado ou se burocratizaram. As militâncias desses movimentos se transformaram em empregados do Governo instalado. O Partido não formou lideranças novas, se bastavam e não tinham interesse no novo. Nunca se formou uma oposição no Partido, sempre valia o conchavo, um acordo que salvava os interesses pessoais dos políticos envolvidos na direção partidária. Somos um partido de parlamentares e portando nenhum militante chegou a dirigir o partido.
Dessa maneira o Partido vai para as próximas eleições abatido. O novo que poderia chegar a um cargo público mais alto se elegeu mais como um gestor, sem ser político. Isso funcionou a primeira vez, porque pela segunda soa mais como uma artimanha para ganhar eleições, porque essa posição chega a ser reacionária.
Outra saída política nesses tempos de incertezas deveria resgatar a sua principal bandeira que é o Parlamentarismo. Não o fizeram durante 27 anos e agora passa como um oportunismo, ainda mais com propostas que já foram feitas no Brasil Império: o voto distrital. Tudo sob o manto do Imperador e agora sob o manto do Presidente ou um rei a cada quatro anos. Resgatar o “parlamentarismo às avessas” do tempo Império seria mais um golpe na futura democracia. O principal do parlamentarismo foi historicamente cortar a cabeça do Rei e o poder voltar para o parlamento, como no tempo a Inglaterra de Crowmell (1654), quando decapitaram Carlos I. Aqui precisaria cortar a cabeça do monstro do presidencialismo e extirpando o poder ditatorial de um presidente da república.

Enfim, o PSDB entrou num caminho sem volta que ele próprio criou, com suas decisões erradas para conjuntura que vivemos. Estão fazendo aquela velha política de entregar os anéis para não perder os dedos. Ajudei a criar um partido novo que lamentavelmente está voltando para o buraco de onde saiu ou seja de volta para o passado com medo de enfrentar o futuro, perto das benesses e cada vez mais longe da democracia e do compromisso popular.

Tonca Falseti é professor de história, política e filosofia, sociólogo com mestrado em história do Brasil Império, Membro do diretório municipal do PSDB-Osasco, colaborador do Instituto Teotônio Vilela. Foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Osasco,
Deputado Estadual Constituinte, fundador do PSDB.

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Rodolfo Andrade

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