Paulo Macedo

O que mudou na campanha eleitoral com o fim dos patrocinadores. Foco é 2018.

Na campanha passada, tivemos mudanças no jogo político/eleitoral. A mudança vem sendo realizada desde a primeira campanha de Obama ao governo americano. Entretanto, neste último pleito, tivemos um grande diferencial, as regras mudaram. Uma destas mudanças é a proibição do impulsionamento indireto de publicações no Facebook. Essas regras mexeram com a maneira de conquistar público nas redes sociais? Sim, mas, não é o mais importante.

Tivemos, nessa última campanha, o fim dos patrocinadores. Pelo menos na teoria, afinal, sabemos que eles continuam no cenário, mas o controle agora é um pouco maior. Mas, o que mudou com o fim do financiamento privado de campanha? Simples, os rios de dinheiro que fluíam nas campanhas passadas deixaram de correr, ou seja, uma campanha com menos recursos impede que o candidato deixe a preparação e execução da campanha para a véspera do pleito. Não dá mais para trazer um figurão da comunicação para “dar um jeito” na imagem do candidato com 30 ou 60 dias.

Existe também uma onda de rejeição ao político de maneira geral. A população está descrente na boa fé do político, sobretudo daqueles do legislativo, que encontram maiores dificuldades para alavancar projetos por queda nos recursos, municipais e estaduais.

Sabendo deste cenário que se forma e da dificuldade que todos terão daqui um ano (para quem disputará a eleição para deputado, senador, governador e presidente) ou três anos (para quem disputará um cargo no executivo ou legislativo municipal), vemos muitos políticos confiando apenas em si e na maneira antiga de fazer política.

Pouco se discute, hoje, sobre planejamento. E, afirmo, profissionalizar a comunicação, durante todo um mandato, é fundamental para que o político chegue no início do pleito já sabendo o que irá fazer. É preciso deixar de lado o “vamos fazendo de acordo com a maré”. Pior, é preciso deixar o “sobrinho” que entende de computador tomar as rédeas de uma campanha. É preciso evitar também a figura do grande marqueteiro, que desembarca durante a campanha ditando regras genéricas, que não funcionam para todos os perfis. É preciso que o marketing conheça o produto, seu histórico e potencialidades.

As frases de efeito não funcionam mais. Repetir exaustivamente a mesma mensagem também não funciona. Distanciar-se da população criando um fictício personagem de marketing deve ser evitado. Com poucas exceções, a figura do “político popstar” tem incomodado o público.

A falta de recurso para produção de material de campanha, compra de horário em TV, revista ou jornal também pode causar muita dificuldade para aqueles que apostam nas estratégias antigas durante o processo eleitoral. Com isso, o mercado digital, que apresenta custos menores, deve ser ainda mais atrativo, mas é preciso ter a ciência de que diferente da TV, no digital, as pessoas contestarão publicamente tudo que for falado. Um personagem “fake” criado exclusivamente para ganhar uma eleição, não deverá mais existir, já que com a democratização da informação digital, todos podem contestar e a verdade sempre virá a tona.

Aproveitar o baixo custo das redes sociais e do mercado digital envolve planejamento, com definição das linhas de conteúdo, foco, definição e conhecimento sobre o público alvo, segmentação de conteúdo e assim por diante. Engana-se o político que pensa que sua popularidade nas redes pode ser medida pelas fotos de cachorros fofinhos que ele pública em seu perfil, isso atrai curtidas, mas não atrai votos, que é o principal em qualquer campanha.

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