O I Fórum Que Brasil Queremos realizado, na segunda-feira, 30/10, na Universidade Anhanguera Osasco, discutiu o combate à corrupção nas cidades e o papel da imprensa com as palestras do promotor de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), dr. Gustavo Albano e o redator-chefe do jornalismo no SBT e criador do Virando A Pauta, Rodrigo Hornhardt.
Durante sua exposição, o promotor explicou sobre as investigações em andamento e as que já foram denunciadas. O que chamou a atenção dos convidados foi o valor de R$ 700 milhões buscado pelo MP nos desvios de administrações anteriores no município de Osasco. Esse valor corresponde a aproximadamente 30% do orçamento anual da cidade. “Quantos benefícios públicos esse montante não poderia significar para a população de Osasco?”, indagou Albano.
“A corrupção é um vírus, um câncer que mais acaba com a vida das pessoas. Com a corrupção nós não temos escola decente, agente não tem uma saúde decente. Vou dar um exemplo aos senhores, os países europeus, por exemplo, não existe convênio médico, você não paga uma operadora de plano de saúde, tudo o Estado paga”, comentou o promotor. Ele também enalteceu o bom funcionamento dos serviços públicos em outros países. “Agente infelizmente, grande parte do povo brasileiro tem a mentalidade do jeitinho. De que eu faço, eu critico e na minha vez seu eu posso levar vantagem leva, troco errado, uma coisa que faltou cobrar na conta”, completou.
Rodrigo Hornhardt discorreu sobre jornalismo investigativo e o papel da imprensa no combate à corrupção e fez questão em enaltecer o trabalho da imprensa regional. “Eu queria dizer que bebemos muito da imprensa local, nós acompanhamos muito os jornais locais para extrairmos pautas então quando a imprensa local é forte a grande também é. Nós ficamos de olho no trabalho dos veículos e quero agradecer o trabalho de todos”, enalteceu Hornhardt.
O coordenador do evento e presidente da AmeCom em Osasco, Rodolfo Andrade, durante a abertura falou sobre a luta e desafios dos debates sobre o assunto. “A lição extraída é que a luta contra a corrupção é árdua e pressupõe muita energia para manter a continuidade dos propósitos frente as dificuldades que se interpõem no curso do movimento. Outra certeza é de que a ação contra a corrupção não é neutra, é contraditória: confronta-se com interesses organizados, tanto públicos como privados e divide o tecido social”, explanou Andrade.
Já o presidente da AmeCom, Mauro Sérgio, disse que o “combate à corrupção começa primeiramente por nossas atitudes, não adianta cobrarmos o MP, a Justiça e as autoridades se não mudamos nossas atitudes”, frisou Sérgio.
A associação organizadora explicou sobre o surgimento do fórum que foi em um dos momentos mais altos da crise política, institucional e econômica que assola o país, crise essa que muitas vezes se assemelha com as cidades. Diante deste cenário que atinge o Brasil, um grupo de jornalistas da região pensou que esse seria um evento de suma importância para reflexão e discussão no local em que as pessoas vivem e propor novos caminhos e formas para vivermos num mundo mais justo e igualitário. “Em um cenário de transformações, nossa associação está chamada a ser uma organizadora de debates amplos, plurais e qualificados que nos capacitem a uma atuação relevante no presente e que preparem um futuro melhor para a categoria em seus diversos segmentos”, disse em nota.