Recebi a notícia da passagem de Celso Giglio no meio da tarde de terça-feira. Nessas horas, todos decidem escrever e manifestar sentimentos, desejando à família força e fé. Normal. Diante de um momento tão difícil, preciso retratar um pouco da importância de um médico que sempre quis fazer política na cidade que escolheu para viver
A companheira Rose, que presidiu o PT depois de mim, no início deste século, fazia questão de me contar que o Dr. Celso fez o parto de seus dois filhos, e mais, assinou a ata de fundação do Núcleo do PT da Vila Yolanda, lá nos anos 80. Na verdade, o Dr. Celso foi somente na primeira reunião, a convite da Rose e nunca mais apareceu. Compreensível.
Todos sabem que na política, Giglio dirigiu a FITO, foi vereador, presidente da Câmara, Deputado, Prefeito e atualmente era Deputado Estadual. Ah, também elegeu o Silas, entre seus dois mandatos de prefeito. Conduziu a cidade de 1992 a 2004, quando a população decidiu escolher um novo rumo político para Osasco. Isso é democracia.
Costumo dizer a amigos, que Dr. Celso foi o cara no seu primeiro mandato de prefeito. Incluiu propostas do PT em sua administração como a FITO 2 na zona norte, trouxe as parcerias para adaptar a cidade ao seu novo perfil econômico, inseriu setores excluídos em políticas públicas sérias, reestruturou a saúde municipal e preocupou-se muito com a educação. Tudo foi registrado no livro “As cidades que dão certo”. Foi um dirigente político social democrata no sentido mais correto do termo, como o povo quer. Mudar de dentro para fora e de fora para dentro.
Infelizmente, no seu segundo mandato deixou se iludir pelo poder e virou mais um coronel da política local, perdendo a eleição de 2004 para o ex-vereador e jovem deputado estadual Emídio de Sousa.
Costumo, também, dizer que Emídio foi o outro cara, que a cidade sonhava, em seu primeiro mandato. Estabelecendo a democracia, o desenvolvimento e a inclusão como as novas marcas da administração municipal. Dando ao povo excluído da cidade, o que eles mereciam de verdade. Essa nova etapa começa em 2005.
Com a passagem do Dr. Celso, políticos, jornalistas e lideranças da cidade começam a pensar como será o futuro. Sinceramente, eu não sei. Mas sei que teremos novas lideranças, que precisam estabelecer como modelo o comportamento conciliatório na política, capaz de unir divergências e reduzir posições radicalizadas. Agora, não nos resta apenas esperar, mas revelar esse sentimento de unidade para um município que cresceu, mas ainda convive com muita desigualdade e exclusão. O futuro reserva boas surpresas, tenho certeza.
No filme SEMPRE AO SEU LADO, há a seguinte declaração: “a alma não é mais do que o corpo e o corpo não é mais do que a alma”, expressa no sepultamento do professor de música, protagonista da obra. Homens e mulheres vem e vão, faz parte da vida, ficam entre nós suas ideias, seus projetos, seus sonhos e o resultado de suas lutas. São essas coisas que mudam o mundo e nossas vidas também.
Marco Aurélio Rodrigues Freitas é jornalista, biomédico, historiador e professor das redes municipal e estadual de São Paulo.
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