Um estudante de 29 anos denuncia ter sido agredido a caminho da faculdade na estação Presidente Altino, em São Paulo, na noite de terça-feira (11). Sandro Irineu de Lira Filho tinha acabado de deixar a estação de trem quando um homem o abordou ainda na passarela, dando voz de prisão, o acusando de pichação e o levando de volta à estação, onde o estudante afirma ter sido vítima de agressões novamente, desta vez com auxílio de seguranças da estação.

A ViaMobilidade, responsável pela estação, nega as agressões dos profissionais de segurança. Apesar do universitário negar a pichação, o pedestre que o abordou, identificado como Robert Roney Guimarães, teria atacado o jovem, além de chamá-lo de “neguinho”, “favelado” e ter dito que o país não era “Cuba” para que ele fazer “o que quisesse”.

Em entrevista ao UOL, Sandro contou que foi segurado pelos braços e pelo pescoço. “Acho que ele me confundiu com alguém e me deu voz de prisão. Eu estava a caminho da faculdade quando ele me abordou. Eu disse isso para ele e ele me respondeu: ‘mas quem disse que neguinho favelado faz faculdade? Você não faz faculdade coisa nenhuma'”, relembra o estudante, que cursa a faculdade de direito na UNIFIEO (Centro Universidade Fieo).

O jovem conta que foi arrastado pelo agressor de volta à estação, onde foi acusado novamente de ter pichado um muro, desta vez em frente aos seguranças.

“Eles não me perguntaram nada, me colocaram com os braços para trás, me jogaram no chão e não eu pegar o meu celular para ligar para a polícia.”

Segundo consta no boletim de ocorrência, os homens teriam feito um cordão humano em volta do estudante, com a intenção de impedi-lo de fugir do local.

“Eu fui deslegitimado, não tive como me defender. O cara podia ter me acusado de qualquer coisa e ninguém ia me ouvir. Eles não me deixaram explicar nada. Me agrediram, ficaram me tratando como se fosse um marginal, como se fosse um bicho. Me jogaram no chão sem direito de defesa. Não me deixaram pegar minha bolsa para pegar meu celular, eu queria ligar para a polícia e não deixaram. Eles fizeram um cordão para não me deixar ir nem no banheiro. Não sei o que passa na cabeça para colocar o patrimônio acima de uma vida sabe? Um dos guardas me disse que se eu passasse lá de novo ele ia me matar”

Sandro registrou um boletim de ocorrência no 5º DP de Osasco.

A reportagem entrou em contato com a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) para questionar sobre os próximos passos da investigação e sobre um possível indiciamento. Em nota, a pasta informou que “as partes já foram ouvidas e foi requisitado exame de corpo de delito para a vítima, que está em elaboração e será analisado pela autoridade policial tão logo for concluído” e que “as investigações prosseguem pelo 9º Distrito Policial de Osasco”.

O UOL entrou em contato com Robert Guimarães por meio das redes sociais, mas, até o momento, não obteve resposta. Este espaço será atualizado assim que houver posicionamento.

FONTE UOL